11 de ago. de 2011
Freemont mostra o verdadeiro lado adventure da Fiat?
Não é segredo para ninguém que a Fiat sempre tentou se "aventurar" (de verdade) vendendo SUVs e picapes médias. De fato, isso nunca aconteceu. Talvez, o mais próximo seja o Sedici, feito em parceria com a Suzuki, é vendido como um jipinho, mas na verdade é o hatch SX4.
Quando a Fiat anunciou um acordo com a Chrysler, todos, com razão, já pensaram que a montadora ia dar seus pulos e iria, finalmente, conseguir abocanhar um novo seguimento. No começo, a especulação foi com a picape média Dodge Dakota, que até foi vista nos arredores da fábrica de Betim. Mas a Fiat surpreendeu ao lançar, parecendo que meio as pressas, uma versão própria do crossover Journey, também da Dodge.
Mas ela não procurava um SUV ou uma picape? Para a Fiat não importou. Mesmo o site da Dodge dizendo (e usando como marketing) que o Journey é um crossover, para a italiana, segundo Quatro Rodas, será tratado como SUV. Para a marca, o público não conhece muito bem a distinção entre ambos. Que a vontade seja feita...
O Freemont é um carro que mostra exatamente o choque cultural entre suas duas mães, o mais novo grupo automotivo: Fiat-Chrysler. Sucesso de vendas na Europa, principalmente na Itália, ele surpreendeu à Fiat e à todos. Segundo a montadora, 80% dos que compram um Freemont têm nele seu primeiro modelo da marca. Mais uma vez, ele surpreende. O sucesso é tanto que a montadora já pediu para a Dodge aumentar a produção.
Tá certo, ninguém duvida do sucesso europeu do Freemont. Só que por lá, ele não convive com seu gêmeo, que deixou de ser vendido recentemente. O Brasil é o único país que terá ambos os modelos. Até que ponto isso pode atrapalhar o sucesso do "SUV"?
Segundo a marca, não é problema. O Freemont será a versão de entrada do Journey (só que de outra marca). Os preços do Fiat começam em R$ 81.900 e chegam em R$ 86.000; o Dodge deverá ganhar uma reestilização e um novo preço (ainda mais) perto dos R$ 100.000 até o fim do ano.
Mas e a essência italiana, foi embora com o Freemont? Realmente, o desenho externo não tem nada a ver com um Fiat. E as modificações (nova grade, novos para-choques, lanternas com LEDs) feitas não ajudam em nada. O Journey, digo, Freemont, continua sendo um típico americano, com linhas simples, retas, e no atual momento, velhas.
O mesmo não se pode dizer de seu interior. A própria Fiat se encarregou de reestilizá-lo dando seu toque italiano. As linhas retas e de acabamento simples do antigo desapareceram e deram lugar à linhas fluídas, arredondadas e de bons materiais, lembrando vagamente o "recém-lançado" Bravo. São nesses dois pontos que podemos ver o tal choque cultural.
Segundo a Fiat, o nome do carro "evoca o sentido de liberdade, do prazer da vida ao ar livre e da possibilidade de enfrentar qualquer situação da vida cotidiana com muita sofisticação". Profundo, né?
Lembra do papo de o Freemont ser tratado como SUV? Desse jeito, a Fiat destaca também que ele é o "único" da categoria com sete lugares, o que não aconteceria se ele fosse classificado como crossover/minivan. A montadora diz que é possível fazer 30 configurações com os bancos, que são do tipo anfiteatro (uma fileira mais alta que a outra). Os bancos da segunda fileira podem aumentar a elevação do assento, facilitando para crianças.
O modelo sofreu alterações em sua suspensão, que foi recalibrada. O Freemont usa o sistema Keyless, ou seja, dispensa chave para funções como abrir a porta ou ligar o motor. Falando em motor, o carro usa um 2.4 DOHC 16V, com comando de válvulas variável (Dual VVT), a gasolina, com 172 cv. O câmbio é automático de quatro marchas com opção de mudanças sequenciais.
O SUV será vendido em duas versões: Emotion (custa R$ 81.900 -- com ABS, EBD, BAS, ESP, ASR, ERM, TSC, keyless entry/go, airbags frontais, climatizador com duas zonas de temperatura, sistema Uconnect™ de multimídia com tela de 4,3 polegadas sensível ao toque, que integra radio/CD/MP3, entrada USB, entrada auxiliar e conectividade Bluetooth® com comando de voz, central eletrônica de informações do veículo (EVIC), volante revestido em couro com regulagem de altura e profundidade mais comando de rádio, piloto automático e computador de bordo, rodas de liga leve com aro de 16 polegadas, faróis de neblina, sensor de pressão dos pneus, alarme, entre outros) e Precision (custa R$ 86.000 e vem com terceira fila de bancos, o que proporciona sete lugares com muito conforto; ar-condicionado digital automático com três áreas de temperatura; sidebags e windowbags; sensor crepuscular e sensor traseiro de estacionamento; barras de teto longitudinais e transversais ajustáveis; assento do motorista com regulagens elétricas; retrovisores rebatíveis eletricamente; rodas de liga leve com aro de 17 polegadas, entre outros a mais).
Uma das grandes diferenciações do Journey para o Freemont é ampla rede de concessionárias (506). Além disso, o modelo conta com garantia de três anos sem limite de quilometragem e com as vantagens do Clube L'Unico.
Mas então, o Freemont será sucesso? Sinceramente, não sei. Não é como falar que o Novo Palio irá vender horrores e ter 95% de certeza, com esse carro é diferente. Acho que o principal objetivo do Freemont é mostrar aos brasileiros um outro lado da Fiat, mostrar que (mesmo não sendo ela que faz 100%) a montadora consegue produzir bons carros médios e caros, objetivo de todos os últimos carros da marca, e todos falharam.
A Fiat precisa URGENTEMENTE fazer isso dar certo. O Linea ganhou um baita desconto e não vendeu como deveria, o Bravo é um modelo excelente, tinha tudo pra vender bem mais e não o fez -- você já percebeu que vai completar um ano e é difícil achar o modelo nas ruas?
Portanto, a grande pergunta que o Freemont deve responder é: será ele capaz de mudar a imagem da Fiat? Afinal, não é só de compactos e populares que se vive uma empresa. Nem mesmo no Brasil.
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