Linhas simples evidenciam intenções de baixo custo e colocam family-feeling da marca em xeque
Novo Ka enfim ganha quatro portas e, agora, fará parte do segmento mais importante (e concorrido) do mercado. (UOL Carros) |
Como se não bastasse a onda de incansáveis pré-lançamentos, a Ford fez a apresentação de um protótipo, levando a estratégia a outro nível. O protótipo em questão, da nova geração do Ka, só chegará ao mercado em 2014, talvez no fim do primeiro semestre. Ou seja, ainda resta muito tempo para a marca fazer (outras) apresentações, talvez com o modelo final. Essa, porém, foi importante, com a pompa de lançamento mundial, mesmo assim, ela não escondeu a pobreza do Novo Ka.
Com a presença de William Clay Ford Jr. (CEO mundial e bisneto de Henry Ford) e dos chefes da marca para as Américas e para a América do Sul, além de ministros e governadores, o evento ocorreu na quarta-feira (13) na fábrica da Ford em Camaçari (BA). A presença de pessoas importantes tem justificativa: o novo Ka, apresentado como Ka Concept e desenvolvido inteiramente no Brasil, será mais um carro global, dentro da estratégia atual dos norte-americanos.
Sim, se o novo Ka é importante para a marca a nível mundial, nem se fala a nível Brasil. A Ford vê no retrovisor marcas como Hyundai e Renault, que cobiçam a entrada no top quatro, o das quatro grandes. Ultimamente, então, as vendas de seus modelos de entrada não andam animadoras: o Fiesta cresceu apenas depois da chegada do New brasileiro e o próprio Ka despencou -- em outubro de 2010, era o décimo da tabela, com 7.300 emplacamentos; em outubro desse ano, ocupou a 36ª posição, com apenas 1.500 unidades.
É nesse cenário, onde modelos como Gol (que continua líder invicto, com folga), Palio (sempre ameaçando tirar o Uno da segunda posição), HB20 (que rasgou elogios) e Onix (bem equipado e com preço bom) sempre batendo recordes atrás de recordes, é que chega o novo Ka. E mesmo sendo conceito é possível notar que ele veio para ser um modelo racional, talvez mais para a marca do que para o consumidor final. As próprias linhas do projeto transpassam a sensação.
O Onix quis copiar o Gol e agora foi copiado pelo Ka. Tudo tem volta. (UOL Carros) |
Basta compará-las com outros carros da marca, e nem precisa ir tão longe, o próprio New Fiesta serve. Os vincos laterais parecem mais uma tentativa de copiar o Onix do que o hatch imediatamente superior da marca. O perfil do carro, aliás, é muito semelhante ao do Chevrolet, principalmente no recorte rápido e reto da traseira. O desenho das janelas é outro: no Focus e no New Fiesta, estão em harmonia, aqui, declaram um claro corte de custos. As lanternas que invadem a lateral ajudam a evidenciar o ar de Onix, já que a tentativa de se aproximar de Focus e EcoSport claramente tomou outro rumo.
E essa traseira? A Ford quase nunca acerta no desenho de sedãs derivados de hatch, mas aqui ela parece já ter errado no próprio hatch. Primeiro que ela não tem identidade alguma com os outros carros da marca. Pode ser confundida facilmente com o Chery Celer (!), para não citar os mais óbvios. As linhas genéricas são BEM diferentes das trabalhadas de Focus e New Fiesta. Sem contar que ambos os hatches contam com a placa na tampa do porta-malas, enquanto a do Ka foi para o para-choque, o que explica a sensação de "tá faltando alguma coisa aí", indicada pelo vazio. O recorte do vidro me lembra o Agile e as lanternas querem fazer você lembrar do novo Focus, mas acho que é forçar demais, não?
Onix? Gol? Celer? Série 1? Parece tudo, menos um Ford. (UOL Carros) |
A frente se salva, pelo menos. Conta com um ar de New Escort, conceito chinês apresentado nesse ano. Aliás, há boatos de que a versão sedã possa resgatar o nome Escort. Sim, definitivamente, a frente é o que entrega o DNA do Novo Ka. A bocona é a mesma do New Fiesta, assim como o desenho dos faróis de neblina, só que simplificados. O capô também guarda certa semelhança.
O resultado de tudo isso, por mais incrível que pareça, é o Ka mais bonito de todos (e acho que o mais unissex também). Só que ele não deixa de ser meio desengonçado. A dianteira parece ser muito baixa, enquanto o teto é muito alto. Falta uma harmonia maior que, adivinhe, está presente nos outros carros da marca. É por isso que o Ka evidencia no desenho a sua proposta de racionalidade, de corte de custos.
Ele não é genuinamente bonito como o Novo Fusion ou o Novo Focus, ele não tem proporções bem definidas como o New Fiesta. Por outro lado, as linhas são mais simples e retas visando peças mais baratas de se fazer.
Esse é o Novo Ka, talvez a primeira leitura da filosofia Kinetic com um olhar barato. Ainda bem que ele vai trazer equipamentos diferenciados (como o Onix) -- sistema multimídia Sync e talvez controles de estabilidade e tração, além de ar-condicionado automático -- e uma boa motorização (como o Gol). Com isso, vai rasgar elogios (como o HB20) e, quem sabe, vender bem (como o Palio). Resumindo, vai ser um carro honesto, mas não queira dizer que ele não mostra seu lado barato.
Falta harmonia entre as linhas e proporções do Ka. Ainda assim, é o modelo mais bonito de sua história. (UOL Carros) |
[Com informações e fotos de UOL Carros, Autoesporte e Divulgação]
Nenhum comentário:
Postar um comentário